terça-feira, 19 de abril de 2011

Critica:Pânico 4

Com o fim dos anos 80, os filmes de serial killers entraram 
em franca decadência. Após várias seqüências risíveis
 de 'Sexta-Feira 13’, 'A Hora do pesadelo' e 
'Halloween', os filmes de terror tiveram 
uma queda de qualidade, e o gênero foi limado das telas do cinema.
Em meados dos anos 90, eis que surge 
um novo terror, citado pela Variety antes
 de sua estreia como ‘D.O.A’ (Dead on 
Arrival, gíria para ‘futuro fracasso nas 
bilheterias’). Era 'Pânico' (Scream, 1996), 
dirigido pelo mestre do terror Wes Craven
 ('A Hora do Pesadelo') em parceria com


 o roteirista Kevin Williamson, até então desconhecido.
Pânico’ não obteve grande 
sucesso em sua estreia, mas 
o boca a boca positivo fez o filme 
crescer nas semanas seguintes, e
 arrecadar US$ 103 milhões nos EUA.
 Era um fenômeno de bilheterias, e o
 começo de uma nova era para o terror,
 que rendeu vários frutos e um novo 
subgênero. Vieram duas sequências 
do original, e derivados como '
Eu sei o que vocês fizeram no verão passado 1 e 2', 
'Prova Final', 'Lenda Urbana', entre outros.
Como na década de 80, o subgênero começou a
 esgotar, e após algumas bombas, os filmes de
 terror encontraram outras fórmulas e franquias
 (‘Jogos Mortais’, ‘O Chamado’) para seguir adiante.
Pânico 4’ estreia com a promessa de se
 auto-renovar em uma nova década, fazendo 
paródia com o subgênero que ele mesmo criou. 
Kevin Williamson conseguiu. O roteirista 
adiciona tudo que funcionou nos anteriores, e
 renova a franquia para uma nova audiência. 
Seu texto mistura terror e comédia de maneira sensacional,
 criando um novo recomeço para a franquia que era dada
 como morta.
Na trilogia inicial tínhamos a fórmula perfeita: 
a abertura trazia o chocante assassinato inicial
 (Drew Barrymore, a melhor da franquia) e o
 final trazia o assassino revelando seus porquês
 e motivos. Neste, início e fim adicionam 
exceções e surpreendem: o filme não começa, 
nem termina, de maneira óbvia. Temos aqui um 
dos melhores finais da franquia, mesmo que fuja
 dos padrões dos filmes anteriores. Afinal, Nova Década, 
Novas Regras.

Esta cena não está no filme...
Em 'Pânico 4', Sidney Prescott (Neve Campbell)
 agora é autora de um livro de auto-ajuda, e 
retorna para Woodsboro na última parada de
 sua turnê para promover o lançamento. Lá,
 ela reconecta-se com o sherife Dewey 
(David Arquette) e Gale (Courteney Cox) - 
agora casados - assim como sua prima Jill (Emma Roberts)
 e sua tia Kate (Mary McDonnell). A volta do Anjo da Morte
 - apelido que os jovens dão para Sidney, por ela 
estar sempre presente nos assassinatos 
- também traz Ghostface, colocando toda a
 cidade de Woodsboro, em perigo.
O acerto de ‘Pânico 4’ é trazer seu elenco 
original. Ao contrário de outras franquias de 
terror, como ‘Sexta-Feira 13’ e ‘
Jogos Mortais’, o vilão não é o 
protagonista. Neve Campbell 
volta a desempenhar de maneira 
louvável o papel da protagonista Sidney,
 que usou os 10 anos em que esteve livre 
do maníaco mascarado para se reinventar e
 deixar de ser vítima (sem sucesso, claro).
 A atriz parece tão familiarizada com a
 personagem, que entrega a sua melhor atuação na franquia.
Courteney Cox volta a viver a repórter
 Gale Wheathers, em uma boa atuação, 
que em alguns momentos é comprometida
 por seu bizarro preenchimento labial. 
David Arquette também retorna, como o
 desengonçado Dewey. É muito prazeroso revisitar
 estes personagens e atores após 10 anos.
Dentre os novos sangues na franquia, destacam-se
 Emma Roberts Hayden Paniettiere. Roberts 
parece um pouco perdida no início do filme, mas
 logo embala no ritmo e nos brinda com uma atuação
 incrível no final. Já Paniettiere é a grande estrela: 
rouba todas as cenas, além de entregar
 algumas das melhores falas.
Dez anos após o mediano terceiro filme, a 
franquia mostra que tem sobrevida.
 ‘Pânico 4’ é o segundo melhor filme (perdendo
 apenas para o original), e prova que o diretor 
Wes Craven ainda pode ser 
chamado de mestre do terror.
Com bastante humor negro, cenas de
 morte muito bem elaboradas 
(com muito, muito sangue) e um final digno de
 aplausos, ‘Pânico 4’ consegue se
 reinventar e ainda manter aquilo que a trilogia
 inicial tinha de melhor.
E que venha a nova trilogia...
Obs: Os adolescentes da década de 90 devem estar
 se sentindo em um túnel do tempo...
Nota: 8.0


Crítica por: Renato Marafon

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