quinta-feira, 14 de abril de 2011

O último suspiro de High School Musical


As expectativas para a carreira de Ashley Tisdale não eram pequenas. Afinal, sua personagem Sharpay Evans era a única pitada de pimenta na açucarada trilogia da Disney “High School Musical”. Como a patricinha metida à frivolidades, Tisdale caiu no gosto da garotada e passou a ser para o estúdio uma dessas figuras de credibilidade comprovada, versátil no canto e na interpretação, e comercial dos pés à cabeça. Em resumo, Tisdale era um às na manga da Disney, que a conservava com o fervor dos estúdios que, na Era de Ouro de Hollywood, encomendavam blocos de filmes com suas atrizes mais confiáveis e exclusivas.
Era apenas uma questão de tempo até que realizassem “As Aventuras Fabulosas de Sharpay”, o filme solo da personagem mais querida dos musicais juvenis. As circunstâncias em que esse lançamento acontece, porém, já não são tão previsíveis assim.
O filme está tendo um lançamento discreto, em 19 de abril nos Estados Unidos, diretamente em DVD e Blu-ray – no Brasil, em 13 de julho, com opção de áudio dublado.
Não que se esperasse um grande lançamento cinematográfico – o próprio “High School Musical” se transformou num pequeno fenômeno dentro dos limites da TV e das vendas de produtos, tendo estreado apenas o terceiro volume na tela grande. Mas a falta de impacto e, principalmente, de timing desse spin-off não deixa de ser curiosa.
Na trama, Sharpay continua perseguindo suas ambições artísticas, dessa vez no competitivo mundo do teatro musical profissional. Em Nova York para tentar a sorte na Broadway e ainda convicta do próprio talento, a garota vai aprender à duras penas que a fama não se conquista sem esforço e trabalho duro.
Tisdale compartilha o estrelado com seu carismático animal de estimação e, na falta dos colegas de “High School Musical”, divide suas angústias com Austin Butler (série “iCarly”), outra figurinha repetida dos álbuns da Disney, com quem contracenou no filme “Pequenos Invasores” (2009). Butler intepretará um aspirante à cineasta que se apaixona por Sharpay, servindo como o primeiro interesse amoroso da riquinha mimada, que em “High School Musical” fazia par com o irmão (Lucas Grabeel, hoje em “Smallville”).
O filme dá adeus à personagem marcante e deve ser o único spin-off de “High School Musical”, franquia que já não brilha mais como antes. No Brasil, ao menos, a febre parece ter passado de vez: a versão nacional da franquia, “High School Musical – O Desafio”, passou despercebido pelos cinemas no ano passado, mesmo após o hype de um programa de televisão organizado para escolher os protagonistas brasileiros.
“Tinha a impressão que Sharpay pertencia a Broadway, portanto tive a ideia de fazer este filme para que fosse o final perfeito para meu personagem”, explicou Ashley, na entrevista coletiva de lançamento do vídeo.
Assim como a Sharpay, centrada no próprio umbigo, Ashley é efusiva ao falar sobre si mesma. “Foi uma experiência de crescimento pessoal”, comentou. “Neste filme eu não tinha aquela segurança que meus companheiros de ‘High School Musical’ me passavam e meu personagem teve que enfrentar muitas situações.” Ela está certa: a responsabilidade de passar de coadjuvante à protagonista deve ter pesado muito nessa equação. Está certa, também, quando se refere ao crescimento pessoal – porque a outra evolução, a “profissional”, ainda está dando seus primeiros passos.
Ashley ainda não conseguiu emplacar no cinema. Sua tentativa, “Pequenos Invasores” (2009), mirou o mesmo público juvenil que tem sido sua referência desde os dias em que estrelava no Disney Channel a série “Zack & Cody, Gêmeos em Ação” (2005-2008), mas fracassou nas bilheterias. Sua nova aposta é a série de cheerleaders “Hellcats”, em que repete o papel de ingênua, prolongando até onde pode o nicho de estrela teen que canta, dança, salta e pula.
Foi para prevenir-se do estigma que Zac Efron, o mocinho Troy Bolton na trilogia da Disney, teria recusado o papel principal no remake de “Footlose”: com “High School Musical” e “Hairspray”, ele deduziu que já havia cantado e dançado o suficiente pelos próximos anos, e preferiu se dedicar a dramas como “Me and Orson Welles” e “A Vida e Morte de Charlie”. Não se discute se as tentativas foram ou não bem-sucedidas, desde que tenham sido a decisão mais coerente.
Vanessa Hudgens também foi perdendo os ares de queridinha da América, não apenas por suas fotos nuas que vazaram na web, mas também por opções como “Sucker Punch”, no qual Zack Snyder a colocava entre um time de beldades, portando armas e trajando figurinos reduzidos.
Enquanto os colegas exploram opções, Ashley ainda não se livrou da imagem infantilizada. Mas dá seus primeiros passos, ironicamente na mesma semana em que Sharpey estreia nas videolocadoras
americanas. Na nova edição da revista Allure, a jovem aparece com as madeixas escuras – e nua!
Com os joelhos dobrados, o bumbum à mostra e os seios relanceados, Ashley procura exprimir, ao mesmo tempo, vulnerabilidade e sedução. A frase que acompanha o ensaio – “Eu não sou apenas a garotinha que todos pensam que eu sou. Eu sou uma mulher de verdade.” – soa redundante frente à uma imagem que vale mais que mil palavras.
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As Aventuras Fabulosas de Sharpay

(Sharpay’s Fabulous Adventures, EUA, 2011)

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